Quem trabalha com microsserviços precisa de várias funcionalidades comuns em praticamente todos os serviços: autenticação, monitoramento, tratamento de erros, logging, comunicação entre serviços, integração com message brokers, configurações externalizadas, etc.
Além disso, todos os microsserviços precisam de implementações e configurações da lógica de build da aplicação, usando ferramentas como Gradle, Maven e várias outras.
Implementar essas funcionalidades repetidamente em cada microsserviço pode gerar falta de padronização e desperdício de tempo, porque essas tarefas não agregam valor diretamente ao negócio.
É aí que entra o Microservice Chassis Pattern.
O que é o Microservice Chassis Pattern?
O Microservice Chassis é um padrão que criamos uma biblioteca compartilhada projetada para fornecer essas funcionalidades comuns que os microsserviços precisam.
Isso permite que as equipes de desenvolvimento se concentrem nas regras de negócio específicas de cada serviço e se preocupem menos com essas implementações e configurações.
Ele atua como uma camada base, trazendo as melhores práticas e padrões para todos os microsserviços.
Spring Boot e Spring Cloud como chassis
O Spring Boot em conjunto com Spring Cloud já oferece autoconfiguração para muitas funcionalidades que precisamos para implementar microsserviços com Java, como autenticação com Spring Security, monitoramento, etc.
No entanto, ao criar um chassis com Spring Boot e Spring Cloud, você pode padronizar e personalizar as configurações mais avançadas.
Ao encapsular essas funcionalidades em uma biblioteca reutilizável, você garante que todos os microsserviços sigam as mesmas práticas e padrões, sem precisar configurá-las individualmente em cada serviço.
Benefícios do Microservice Chassis
Um Microservice Chassis traz diversos benefícios para a arquitetura de microsserviços:
1. Redução de esforço repetitivo
Sem um chassis, os desenvolvedores precisam implementar as mesmas funcionalidades básicas, como autenticação, logging e monitoramento, em cada microsserviço.
Esse processo não apenas consome tempo, mas também aumenta o risco de inconsistências e erros.
Com o Microservice Chassis, essas funcionalidades são centralizadas e reutilizadas em todos os serviços, permitindo que o time economize tempo e foque na entregar valor.
2. Consistência de prática e padrões
Um dos maiores desafios é garantir que todos os microsserviços sigam as mesmas práticas e padrões.
O chassis resolve isso ao encapsular funcionalidades comuns.
Isso garante que todos os serviços estejam alinhados com os requisitos da empresa, e também facilita o treinamento de novos desenvolvedores, que terão um ponto de referência único para entender como o sistema funciona.
3. Foco no negócio
Ao eliminar a necessidade de implementar e configurar funcionalidades repetitivas, o chassis permite que os desenvolvedores se concentrem no desenvolvimento de regras de negócio que realmente geram valor.
4. Manutenção simplificada
Atualizar funcionalidades comuns em microsserviços pode ser um desafio, especialmente em sistemas com dezenas ou centenas de serviços.
O chassis centraliza essas funcionalidades, permitindo que alterações, melhorias ou correções sejam feitas de forma global.
Isso reduz a complexidade da manutenção e torna o sistema mais resiliente e fácil de escalar.
Desafios de usar Microservice Chassis
Embora o Microservice Chassis traga vários benefícios, ele não é uma solução sem trade-offs.
Vamos explorar esses os principais desafios e pontos fracos de usar esse padrão:
1. Acoplamento com o Chassis
Ao usar uma biblioteca compartilhada como base, todos os microsserviços ficam acoplados ao chassis.
Isso pode dificultar alterações ou a adoção de novas tecnologias que não sejam compatíveis com o chassis existente.
E qualquer atualização no chassis pode exigir retrabalho em vários microsserviços.
2. Sobrecarga inicial de implementação
Criar um Microservice Chassis completo requer tempo e planejamento.
É necessário identificar todas as funcionalidades comuns e implementá-las de forma genérica o suficiente para atender às necessidades de diferentes serviços, o que pode atrasar o início do desenvolvimento dos microsserviços.
3. Risco de over-engineering
Se não for bem planejado, o chassis pode incluir funcionalidades desnecessárias ou muito complexas, que talvez não sejam usadas por todos os microsserviços.
Isso pode aumentar o tamanho da base de código e introduzir dependências desnecessárias.
4. Dificuldade em equilibrar flexibilidade e padronização
Enquanto o chassis fornece consistência, ele também pode limitar a flexibilidade.
Por exemplo, se um microsserviço precisar de uma abordagem específica que o chassis não suporta, isso pode exigir uma customização complexa.
5. Manutenção centralizada
Embora centralizar funcionalidades possa facilitar a manutenção, também concentra a responsabilidade de suporte em um único ponto.
Alterações ou problemas no chassis podem ter um impacto global, o que torna necessário um gerenciamento centralizado com bastante cuidado em relação às atualizações e controle de versões.
Conclusão
O Microservice Chassis é um padrão muito útil para simplificar e padronizar o desenvolvimento de microsserviços, especialmente em sistemas distribuídos complexos.
Ele oferece vários benefícios significativos, mas como em qualquer decisão arquitetural, ele vem com trade-offs.
Por isso, ao considerar a adoção de um Microservice Chassis, é importante analisar o contexto do seu sistema e as necessidades da equipe.
E falando em implementação de microsserviços com Spring…
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